Dia 8 de março é dia de celebrar as mulheres. Contudo, ainda mais importante do que isso é usar a data para lembrar conquistas, como o direito ao voto, e também todas as que ainda precisam vir, como a igualdade de gênero em vários aspectos.
Pensando nisso, os especialistas da Babbel, aplicativo de idiomas que conta com mais de 150 linguistas de 15 países, fizeram uma lista que ressalta como diferentes idiomas ainda perpetuam uma relação desigual entre homens e mulheres.
Confira 10 palavras que infelizmente ainda são usadas para reforçar os preconceitos de uma sociedade patriarcal:
- Histérica (português, mas a palavra também existe em outros idiomas)
A histeria foi uma doença erroneamente associada às mulheres e estudada pelos homens. Na Grécia Antiga, Hipócrates, um dos pais da medicina, acreditava que o útero, quando “frustrado”, vagava pelo corpo. O órgão errante era o culpado por sintomas como irritação, palpitações e ansiedade, sendo chamada “histeria”, do grego Hystéra, que significa ventre. Os romanos acreditavam que a histeria estava relacionada à falta de sexo. Na Idade Média, os padres associavam a histeria à possessão demoníaca. Nesse contexto, vale se perguntar qual é o impacto do machismo em transtornos mentais femininos.
- Lady (“dama”, em inglês.)
Em Three Guineas, a grande escritora britânica Virginia Woolf defende a educação e a emancipação econômica das mulheres. No livro, ela observa que, “como outras filhas de homens cultos, Sophia Jex-Blake era o que se chamava de a lady (uma dama)”. Naquela época, damas (mulheres finas e de família rica) não trabalhavam. Ainda hoje, chamar alguém de lady reforça a ideia de que mulher de “boa família” é uma “mulher do lar”.
- Mulher de malandro (português)
A expressão normaliza a violência doméstica, ao subestimar um assunto sério. Usar o termo, que se refere à mulher que apanha mas não larga o marido, é colocar na vítima a responsabilidade pela violência sofrida, absolvendo o agressor. Chamar alguém de “mulher de malandro” é ignorar os motivos que a fazem ficar em uma relação abusiva: falta de condições econômicas para criar as crianças sozinha, falta de apoio das pessoas ao redor, medo de ser assassinada pelo marido, etc. Mulheres presas em uma relação abusiva muitas vezes nunca conseguem se libertar porque o abusador a humilha e a diminui até aniquilar a força e a autoestima necessárias para que consigam sair da relação.
- Gars/Garce (“moço”/“mulher promíscua” em francês)
Em francês, gars significa “jovem” Já a versão feminina, garce, é usada para se referir à uma mulher promíscua.
- Bruxa (português, mas também existente em outros idiomas)
Desde os tempos de Joana d’Arc, mulheres que não aceitavam os papéis sociais impostos a elas eram consideradas bruxas. Hoje, o termo continua tão machista quanto. A palavra geralmente é utilizada para se referir a mulheres fora do padrão estético e que não tentam agradar. Os alvos desse adjetivo-substantivo frequentemente são mulheres mais velhas, solteiras e conectadas a um modo de viver que não reduz a mulher a posição de mãe ou esposa, como se envelhecimento feminino fosse especialmente maléfico.
- Scapolo/Zitella (“homem solteiro”/ “solteirona”, em italiano)
Scapolo significa “homem solteiro”, “bon vivant” e sua conotação é neutra: apenas um adulto não casado. A versão feminina do termo, Zitella, deveria significar o mesmo, mas sua conotação é negativa – correspondente ao “solteirona” em português.
- Piriguete/ pegador (português)
Pirigueti é outro termo pejorativo para se referir à mulher que faz e veste o que quer sem se importar com a opinião das outras pessoas. Portanto, piriguete pega quem quer e quando quer. Ao invés de ser vista como uma mulher que constrói sua identidade a partir da liberdade de seu desejo, ela acaba ganhando o rótulo de vulgar, promíscua. Já o homem com a mesma atitude é visto positivamente como “pegador”, “garanhão”.
- Zorro/ zorra (“raposa”, em espanhol)
Além de significar o animal raposa, zorro também é utilizado para definir uma pessoa como “astuta”. Já a versão feminina zorra significa “puta”.
- Língua materna (português, mas também existente em outros idiomas)
Ainda hoje, as mães acabam sendo as principais responsáveis pelo desenvolvimento linguístico das crianças. Afinal, na maioria dos países, ainda são elas que ficam em casa cuidando – e se comunicando – com os bebês.
- Schlampe/Schlamper (“puta”/“desorganizado”, em alemão)
A palavra feminina Schlampe significa “puta”. Já a versão masculina, Schlamper, se refere a alguém que é desorganizado.
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